Encontro virtual será transmitido pelo Instagram na segunda-feira (5/7), em homenagem ao Dia da Gastronomia Mineira
Gastronomia e Literatura são dois assuntos que muito interessam ao povo mineiro. E é pensando nesse forte diálogo entre essas duas áreas que a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais realiza a live “A Cozinha de Minas é de ouro”, com participação da chef de cozinha e historiadora Márcia Clementino Nunes. O evento virtual, que também celebra o Dia da Gastronomia Mineira, comemorado em 5 de julho, será transmitido pelo Instagram da Biblioteca Estadual (@bibliotecaestadualmg) na segunda-feira (5/7), a partir das 15h. A mediação é de Eliani Gladyr.
Durante a live, Márcia vai abordar os aspectos da formação histórica e cultural da cozinha mineira tenho, como ponto de partida, o período do Ciclo do Ouro no Brasil, quando, a partir do século XVIII, bandeirantes iniciaram a exploração do interior da colônia à procura de metais preciosos. De acordo com a convidada, esse momento foi fundamental tanto para a formação do território mineiro quanto para a criação de uma identidade social, cultural e, principalmente, gastronômica de Minas Gerais.
“O contexto histórico já mostra que a cozinha mineira está ligada à riqueza mineral. A descoberta de ouro nas minas foi fundamental no período colonial para o desenvolvimento da nossa história como estado, como povo. Nossa cozinha, em especial, foi forjada nesse ambiente mineral, de busca pelo ouro, pelas riquezas das minas. Acabado o ciclo do ouro naquele período, ficou, como herança, esse patrimônio repleto de referências e culturas que é a cozinha de Minas Gerais”, destaca Márcia.
Coautora do livro “História da Arte da Cozinha Mineira por Dona Lucinha”, Márcia Clementino Nunes é profunda conhecedora das tradições gastronômicas do estado. E, para ela, gastronomia e literatura estão diretamente ligadas à história de Minas Gerais. Ao estudar as manifestações de religiosidade popular e dos elementos simbólicos da Festa do Rosário do Serro. Depois de concluído esse processo de investigação, Márcia passou a dedicar seus estudos à cultura culinária mineira.
“Depois da linguagem, a comida é o mais importante elo entre o homem e a cultura. E, dessa forma, também, a gastronomia se liga à cultura. A mesma paixão que tenho pela culinária, alimento pela literatura e tudo isso é uma herança. O gosto pelo saber e pelos sabores estão quase que conectados o tempo todo em nossa história como povo mineiro. O que se produz em Minas como literatura é uma síntese de histórias e memórias. Assim também é a nossa veia gastronômica, cheia de referências e identicidades”, pontua.
Dia da Gastronomia Mineira
Celebrado em 5 de julho, o Dia da Gastronomia Mineira surgiu em homenagem ao nascimento do escritor Eduardo Frieiro, autor de “Feijão, Angu e Couve – ensaio sobre a comida dos mineiros”, publicado em 1966. Frieiro também foi o primeiro diretor da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais. A data foi criada em 2012, pelo Governo do Estado, como forma de referenciar tradições e costumes culinários de Minas Gerais, que são reconhecidos no Brasil e no mundo.
Márcia Clementino Nunes
Natural do Serro, graduou-se em História pela UFMG em 1987. Estudou as manifestações de religiosidade popular e produziu uma pesquisa da história e significação simbólica da Festa do Rosário do Serro. Por influência do curso que fez, percebeu a importância cultural e histórica do trabalho de Dona Lucinha e passou a dedicar-se, junto a ela, ao estudo da cultura culinária mineira. Atualmente administra um dos Restaurantes Dona Lucinha.
É coautora do livro História da Arte da Cozinha Mineira por Dona Lucinha. O trabalho é fruto de uma parceria de mãe e filha voltadas para a pesquisa de um mesmo tema. O livro serviu de fonte de inspiração para o tema do Carnaval de 2015 da Salgueiro. Fruto da sua pesquisa sobre religiosidade popular publicou, em 2018, Festa do Rosário do Serro. A obra será disponibilizada em biblioteca digital voltada para os portadores de deficiência visual.