Resenha da Semana: O perfume: história de um assassino, de Patrick Süskind

Resenha da Semana: O perfume: história de um assassino, de Patrick Süskind

BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Setor de Empréstimo Domiciliar

SÜSKIND, Patrick. O Perfume: história de um assassino. Rio de Janeiro: Editora Record

Na imunda França do século XVIII, antes da revolução, quando a vida dos que não tinham nada não valia muito e era indiferente da dos que tinham muito. Jean-Baptiste Grenouille nasceu na parte mais imunda e fedorenta de toda Paris e reino, debaixo de uma venda de peixes. Sua mãe o entregou logo após o nascimento aos cuidados do Padre Terrier por crer com todas as suas forças que o bebê estava possuído pelo demônio. Um pouco cético, o padre o aceitou, mas após pouquíssimo tempo com o pequeno, observando as pequenas diferenças intrigantes do comportamento dele, ele o levou a um orfanato onde se veria livre da tarefa, acreditando também na possessão demoníaca.

No orfanato, Grenouille cresceu sem que se incomodassem ou ao menos percebessem seu dom especial: um olfato sobre-humano. Ele conseguia sentir cada aroma separadamente até a quilômetros de distância, conseguia até se guiar pelos cheiros que sentia sem a necessidade de seus olhos. Gerando sempre grande repulsa e sem conquistar o afeto de ninguém do orfanato, o menino foi levado para o trabalho mais ingrato que sua responsável conseguiu pensar e o abandonou lá antes mesmo de completar 12 anos de idade, curiosamente sua responsável morreu logo em seguida. Como sua força de trabalho era a única coisa que o mantinha vivo, Grenouille se submeteu a qualquer trabalho sem resistência e se fechou em si mesmo, guardando-se somente para os momentos em que podia dedicar-se inteiramente ao seu olfato. Nos domingos em que lhe era permitido, o jovem saia para explorar o máximo que podia os aromas de Paris.

Foi na festividade do aniversário da coroação do rei que Grenouille sentiu o cheiro que o marcou para sempre, algo que classificou como divino. Ele seguiu o cheiro até encontrar uma jovem púbere que trabalhava tranquilamente em casa, na ausência de seus pais. Sem que ela percebesse, Jean-Baptiste, no próprio estupor, tenta capturar a essência da menina e acaba a matando estrangulada. Esse foi o cheiro que o mudou para sempre.

Na tentativa de replicar o aroma, Grenouille abandona seus trabalho e parte em busca dos maiores perfumistas. O primeiro que escolheu foi o velho Giuseppe Baldini que trabalhava em um ateliê suspenso numa das pontes do rio Sena. Sem ter dificuldades o menino conseguiu o emprego, ele era capaz de reproduzir qualquer perfume que os competidores criavam com perfeição. Com seu aprendiz fantástico, Giuseppe ascendeu sua carreira e nome para os mais renomados nobres. Jean-Baptiste permaneceu lá absorvendo todos os conhecimentos que conseguiu com o velho e quando achou que já tinha aprendido o máximo possível, contra o desejo de seu mestre, Grenouille abandonou o lugar. Novamente, logo em após a partida de Grenouille, Baldine morreu com o desabamento de sua casa no rio.

À procura dos provedores da matéria-prima da loja, Jean iniciou uma viagem em direção ao sul e interior do reino. Ele queria aprender a extrair a essência de qualquer coisa a partir de sua base. Livre e longe de outros humanos, Grenouille se isolou em uma caverna vivendo por lá durante anos. Em seu exílio, finalmente se deu conta que não possuía nenhum odor próprio. À base somente da escassa água que brotava das pedras, musgos e vegetações que cresciam na encosta da caverna, a aparência do jovem foi se modificando e tornando-se cada vez mais grotesca. Quando finalmente decidiu retornar à civilização, um nobre o encontrou e encantou-se com o estado do homem. Sentindo que ele era a prova definitiva de suas teorias, o nobre o apresentou à comunidade científica como um espécime de suas experiências. Jean permaneceu na mansão até se sentir mais preparado para continuar sua jornada e, sem avisos, ele deixou o nobre com suas experiências.

Depois de adquirir o hábito de se perfumar com cheiros “humanos”, Grenouille se tornou mais aceito pelos outros. Estabeleceu-se finalmente na cidade de Grasse e lá procurou por mestres perfumistas. Foi à procura de um que, por azar havia morrido no ano anterior, como sua viúva tinha herdado o negócio e não tinha um mestre perfumista, contratou Jean-Baptiste para trabalhar no seu lugar. Ele aprendeu com o tempo as práticas mais refinadas de extração de essências e na cidade ele sentiu novamente o mesmo aroma que havia sentido antes em Paris, no entanto, ele sabia que o cheiro não estava suficientemente maduro.

Com maior liberdade, adquirida por seu intenso trabalho, Grenouille conseguia elaborar suas próprias misturas e criar experiências nunca feitas antes, como retirar a essência de uma maçaneta. Com a intenção de criar o perfume perfeito, o homem foi em busca de outros cheiros que comporiam as notas e as bases. Sem que percebessem ou desconfiassem, Jean-Baptiste foi em busca de mulheres específicas para retirar a sua essência. Ele matou várias jovens sem uma conexão aparente, mas com o tempo a polícia começou por buscas e investigar as pessoas.

Quando finalmente os assassinatos ficaram conhecidos, e a figura de um assassino se tornou popular, o poderoso e rico pai da jovem que era o principal alvo de Grenouille, para protegê-la, retirou-a da cidade e a mandou para uma casa distante sem contar a ninguém onde era. Inutilmente ele tentou escondê-la. Guiado pelo seu olfato apurado, Jean-Baptiste encontrou o esconderijo e quando sentiu que estava na hora da “colheita” matou a menina.

Com o suficiente de tempo, Grenouille conseguiu completar sua obra antes de ser exposto e preso pela polícia. Levando somente as roupas do corpo e um frasco escondido, o homem ficou encarcerado à espera de sua execução pública. Sem dizer uma única palavra, ele esperou pacientemente o momento certo.

Na praça central da cidade havia sido montado uma forca especialmente para ele, a raiva coletiva e sua fama fizeram que todos fossem assistir o espetáculo. Dentro da carruagem, Grenouille borrifou uma pequena gota de sua melhor produção e saiu a público. Como uma onda de insanidade, todos foram tragados pelo aroma. Uma louca orgia sem limites e racionalidade infligiu a loucura em todos e deu a possibilidade para o culpado fugir sem nem ser visto.

Desiludido com as questões pessoais, percebendo que a sua busca pelo cheiro divino não diminuiria seu peso de nunca possuir um, Grenouille voltou para onde nascera. Em meio aos vários mendigos que viviam nas ruelas de Paris, ele despejou o conteúdo inteiro do perfume em si e lá mesmo foi devorado pelos inebriados miseráveis.

 
Resenha por: Isadora Amaral Campos
Estagiária do Setor de Empréstimo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais

 
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